terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

A bela magoada - Final

Para entender: A bela Magoada, parte 1.

Cláudia estava espantada. Aquela lembrança que havia surgido subitamente em sua mente, trouxe uma avalanche de sentimentos. Ela não conseguia mas tirar a imagem de Gustavo da sua mente, daquele dia em diante,  as noite de Cláudia nunca mais foram as mesmas. Todo dia, cuidadosamente, seguia um ritual: Abria o seu velho diário e lia algumas páginas, buscando de alguma forma, lembrar o que havia ocorrido entre ela e Gustavo:

- Ah meu Deus, mas uma noite de sono perdida. O que está acontecendo comigo? Não tenho mais idade pra isso. Gustavo e tudo o que aconteceu naquela época - seja o que for - é passado, e no passado deve ficar.

Entretanto, mesmo tentando dominar sua vontade, uma força à impedia, não conseguira esquecer Gustavo.

Mas dez anos se passaram, e aquela velha senhora, com um cabelo um tanto quanto desgastado, já havia mudado mas uma vez de aparência. Cláudia agora estava realmente velha, sentia o peso de sua idade. Com os cabelos totalmente brancos, nem sequer conseguia pentear-se sem ajuda de alguém. Apesar de ser muito orgulhosa e ter gênio forte - por ser uma mulher sozinha -, Cláudia não viu outra opção; ir para um asilo. Não podia mais trabalhar (aliás, nem mesmo aguentaria). O tempo que tudo corrói e destrói, havia transformado aquela linda adolescente em uma velha amargurada cheia de arrependimentos.


A enfermeira entra no quarto de Cláudia:

- Olá, Dona Cláudia! Bom dia para a senhora? Como foi a noite?
- Como todas as outras.
- *Tentando entusiasmá-la* Bom, vou abrir essas persianas, deixar o sol entrar...
- Não.
- Mas Dona Cláudia...
- *Alterando o tom de voz* Eu NÃO quero!
- Olha Dona Cláudia, eu sei que a senhora não quer, mas aqui no "Lar pôr do sol", nos temos regras. E a senhora, querendo ou...
- *Sendo bruscamente interrompida* NÃO! EU NÃO QUERO! Será que não fui clara!? Eu pago uma fortuna nessa porcaria e nem ao menos posso ter um minuto de sossego?! Eu trabalhei minha vida toda e olha o que me aconteceu? Estou aqui sozinha! Jogada as traças! Porque meu Deus, PORQUE?

Depois desse desabafo, o silêncio se instalou por completo naquele ambiente. Apesar de regras, a enfermeira entendeu a dor e a angústia daquela mulher. Todos os dias ela fazia questão de levar as refeições para Cláudia, ficava alguns minutos, e saia. Não tentava mais abrir as persianas ou anima-la, aquilo tudo era inútil.

Com o passar do tempo, e sem ter outra companhia (por que qualquer pessoa que entrasse no seu quarto era rejeitada), Cláudia fez amizade com sua enfermeira, Zuleide. Zuleide era uma mulher muito trabalhadora, tinha dois filhos de um homem que havia se separado há três anos, trabalhava dia e noite para garantir o sustento dela e de seus meninos, vivia em função disso, em função deles. Mesmo assim, sempre foi uma mulher alegre, vivia com pouco, mas era feliz, agradecia a Deus por ter o pão pra pôr na mesa todos os dias.

Cláudia foi se aproximando cada vez mais de Zuleide. Certo dia, intrigado do porquê de tanta amargura, Zuleide resolver lhe perguntar:

- Porque a senhora é tão triste e solitária?
- Ah minha filha. Nunca me casei, nunca tive filhos, e diferente de você, nunca tive amigos. Meu melhor amigo sempre foi o meu dinheiro, mas nem ele me dá mais alegria.
- A senhora nunca se apaixonou?
- Sente-se, minha filha, é uma longa história.

Cláudia resolveu-lhe contar toda sua vida, explicou que não lembrava da briga que havia tido com Gustavo, porém, à alguns anos, uma misto de paixão e curiosidade fulminante não há deixava em paz.

Com lágrimas nos olhos, Zuleide prometeu ajudá-la, e disse que iria em busca de Gustavo.

Ela pegou todos os diários de Cláudia e passou a lê-los, um por um, todos os dias. Estava em busca de alguma informação sobre "Guga". Informação essa que  a própria Cláudia havia ido buscar, mais já tinha desistido, devido a problemas de visão, decorrentes de sua idade.

Passaram-se semanas, e nada. Zuleide não desanimava, mas Cláudia não tinha tempo à perder. Um câncer à pegou em cheio, e já não lhe restava muita esperança. Mesmo com dinheiro de sobra, o seu tratamento seria doloroso e longo, algo que não valeria à pena para as condições e a idade de Cláudia.

Quando menos podia se esperar, numa bela tarde de um sábado ensolarado, Zuleide encontrou algo. Encontrou um endereço, muito antigo de onde Gustavo morava - e quem sabe ainda não morasse? -,  e mais, descobriu o motivo da briga entre o ex-casal apaixonado. Antes de mais nada, não queria iludir àquela pobre senhora. Zuleide resolveu então ir em busca de Guga, se a sorte lhe sorrisse, só aí então, contaria a boa notícia a sua querida amiga Cláudia.

Rua Alameda Verde, nº 324. Numa rua antiga, Zuleide encontrou a casa. Uma casa velha, diga-se de passagem, mas reformada e aparentemente bastante aconchegante. Zuleide não podia conter-se de tanta alegria, correu, tocou a campainha, e esperou alguém atendê-la. Um menino de aproximadamente oito anos, abriu a porta:

- Oi Dona. Quer falar com a minha mãe?
- Ah, claro! Pode ser, eu agradeço.
- Certo, espera um minuto.

O garoto correu e avisou a sua mãe.

- Oi Moça. Tudo bom. Você quer falar comigo?
- Tudo. Bom, na verdade eu vim atrás de Gustavo Santos, à senhora não tem notícias dele?
- Gustavo!? (falou espantada).

Olhando para os trajes da enfermeira, disse:

- Ah meu Deus! Papai fugiu do asilo novamente? Eu não posso acreditar, eu pago uma fortuna com todo o sacrifício do mundo e ele faz isso!
- Não, Dona! Quer dizer, em qual asilo seu pai está?
- Ora, no "Lar pôr do sol"! A senhora por acaso não trabalha lá?
- *Espantadíssima e sem saber o que dizer* Claro! Claro!

Zuleide saiu correndo, mal podia esperar para encontra-lo, para dar a notícia a Cláudia. Ela estava em êxtase.

Ao chegar no Asilo, Zuleide pediu ajuda a uma amiga que sabia de informática, e no computador da recepção, conseguiram obter as informações. Gustavo estava no asilo a pouco mais de três meses, encontrava-se no 3º andar. Zuleide correu, chegando em seu quarto, deparou-se com um homem velho, cansando com o tempo, lendo um livro. Já era tarde da noite, mesmo assim, achou melhor contá-lo. Sem conter o ânimo, lhe deu um forte abraço, e disse:

- Meu Deus! O senhor não sabe o quanto o procurei!

Gustavo sempre engraçado, retrucou:

- Ora moça bonita, e só agora veio me achar?

Zuleide deu um belo sorriso e começou a contar-lhe toda a história.

Ao termino, Gustavo não conteu suas lágrimas e disse que precisava ir agora ver sua amada. Por já ser tarde, Zuleide ficou apreensiva, mesmo assim, o acompanhou. Ao chegar no quarto de cláudia, ela estava sentada, vendo Tv como de costume. Gustavo não podia conter a alegria, e esbravejou:

- Finalmente!

Vendo aquela cena, daquele homem sorrindo e Zuleide chorando emocionada, Cláudia não tinha dúvidas, era o seu Gustavo. Os dois abraçaram-se como nunca, choraram e beijaram-se. Um beijo tão singelo como o de duas almas que se completam.

Zuleide não poderia esquecer, mesmo não querendo interromper, falou:

- Cláudia! Eu sei o motivo da briga! Posso lhe contar!

Cláudia visivelmente emocionada, falou:

- Não Zuleide. Eu vivi todos esses anos da minha vida remoendo essa história. Essa história imaginária. Perdi anos, e nunca mais irei recuperá-los. Jamais poderei lhe agradecer pelo que fez por mim, mas por favor, enterre este segredo.

Entendendo sua vontade, Zuleide o fez, prometeu guardar eternamente o motivo de todo esse desencontro. Deixou os dois sozinhos e foi dormir.

No dia seguinte, o sol estava radiante como nunca. Há tempos não se via um domingo tão bonito. Como de costume Zuleide levantou-se, deu um beijo nas crianças e foi para o asilo, ao chegar lá, subiu no quarto de cláudia, mas não há encontrou. O quarto estava aberto, os raios de sol entravam por todos os cantos, haviam trocado os lençois e limpado tudo. Desesperada, e pensando no pior, Zuleide desceu e pediu informações a sua amiga que permanecia no turno da noite:

-  Angélica! Pelo amor de Deus! Onde a Cláudia está?!
- Zuleide, você tem que ser forte. A Dona Cláudia faleceu esta manhã.

Chorando muito, Zuleide voltou ao quarto de Cláudia e lá encontrou um envelope, com um bilhete que tinha algo escrito:

- Zuleide, você esteve presente quando eu mais precisei, foi a única pessoa que me estendeu a mão e realmente gostava de mim. Você me proporcionou o dia mais feliz de toda a minha vida. Em breve irei partir, e quero lhe dar um presente. Cuide deste pente, ele é extremamente valioso. Sei que nunca será o bastante, mais é tudo o que tenho.

Dentro do envelope havia também um testamento, onde Cláudia deixava todo o seu patrimônio para Zuleide. Desde aquele dia, Zuleide cuida de Gustavo e visita o túmulo de sua amiga. À qual jamais, esquecerá.


Obs: Dedicado a minha querida amiga Debora Lana, que me incentivou a dar continuidade a essa história. Espero que goste.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

O poder do júri

Uma das matérias que mais gosto é Psicologia jurídica. Além de viajar um pouco nessas aulas, dá pra entender muita coisa sobre a mente humana e a importância de um bom psicólogo em julgamentos. Os psicólogos ajudam a entender o porquê de um acusado ter cometido o crime, por exemplo. E não é só isso, auxiliam na escolha dos jurados (analisando quem é propenso a votar a favor ou contra), questiona comportamentos e pode - através de técnicas - dizer se alguém está mentindo ou não.

Embora ainda seja pouco aceita na área do Direito, a psicologia tem grande importância. Isso deve ser visto pelos operadores do direito, que só tem a ganhar com o auxílio de psicólogos. No filme O Júri, fica claro o auxílio que esses profissionais são capazes de dar. E aproveitando que a minha professora passou esse filme pra turma assistir, é dele que falarei hoje.

Como todo filme longo (duração de um pouco mais que duas horas) que assisto, comecei com um pé atrás com esse também. No início as coisas não são claras, mas com poucos minutos, já entende-se o desenrolar da história. Tudo começa em uma empresa, onde um executivo e outras dez pessoas são assassinadas. O executivo era um pai de família, e acaba deixando para trás sua mulher e filho, em quanto isso, o assassino, logo após dar fim na vida de suas vítimas, suicida-se com a mesma pistola automática usada no crime.

Wendell
Ocorre uma passagem de dois anos. E eis que surge Nicholas Easter (Nick), aparentemente, um cara normal, sem grandes intenções ou planos. Nesse mesmo período, a viúva do executivo assassinado anos atrás, resolve processar a indústria de armas pela morte do seu marido, e o advogado Wendell Rohr (acessorado por um psicólogo), irá ajudá-la nessa empreitada. Já do lado da defesa, nos temos o advogado Durwood Cable, que tenta provar que a industria de armas não tem nada haver com a morte daquelas dez pessoas, uma vez que o verdadeiro culpado já está morto.

Além de Durwood, temos também na defesa, o consultor jurídico Ranklin Fitch, que é na verdade quem comanda a defesa. Fitch é especialista em casos jurídicos, não perdera um sequer (ele analisa, investiga e estuda  cada um dos jurados e envolvidos no processo, e se preciso for, faz o uso de esquemas ou suborno). Tudo corre muito bem, até que Nick, mostra a que veio. Na verdade desde o início ele arma para conseguir ser jurado nesse caso, sua verdadeira intenção é conseguir subornar os advogados e tentar arrancar dinheiro dos mesmos, dizendo que, se a quantia pedida não for paga, convencerá os demais jurados a votarem ao seu gosto, junto com sua namorada Marlee, começo o "jogo" com a defesa e acusação.


E a partir daí vemos um verdadeiro duelo de titãs. De um lado temos Wendell, tentando ser honesto e não ceder o suborno, e do outro Fitch tentando por fim a vida de Nick e Marlee ( o que automaticamente, facilitaria o ganho dos votos dos jurados).

Como planejado, Marlee, encontra cada um dos advogados, e diz seu preço; dez milhões de dólares (não negociáveis) ou se não, Nick (infiltrado no corpo de jurados) influenciaria a decisão dos demais. Com o decorrer do julgamento e a crescente ascensão da defesa, Wendell pensa em ceder e pagar o preço estipulado para garantir a vitória, em quanto isso a tentativa de por fim na vida de Nick e Marlee por Fitch, dá errado.

No fatídico dia do veredito, Fitch, preocupado com o que poderia acontecer, resolve ceder e deposita quinze milhões de dólares em uma conta (um vez que o preço já havia subido depois das tentativas de assassinato), e já Wendell, resolve não pagar e arriscar, preferindo manter-se honesto diante de tanta corrupção. Em paralelo, Fitch havia mandando um de seus homens ir descobrir quem eram Marlee e Nick e porquê estavam ali, subornando-o. O capanga consegue descobrir, porém, tarde demais.

A irmã gêmea de Marlee e outros estudantes, haviam sido assassinados por um estudante que também portava uma arma da mesma indústria, e graças a fitch, sua mãe e todas as famílias das vítimas, processando a industria de armas, haviam perdido o caso. O que Marlee queria na verdade, era (além da vingança) conseguir algum dinheiro como forma de indenização para essas famílias.

Com o dinheiro devidamente depositado, Marlee comunica o fato a Nick, que convence os jurados, de quê, mesmo o assassino já estando morto, a industria de armas é sim culpada pela morte do executivo, porque a industria não avaliara os seus compradores e facilitava o seu uso indevido (como não deixando digitais na arma). Desta forma, a acusação ganha, fazendo com quê Fitch, além de perder o caso, perca o dinheiro. E ainda obrigando a indústria de armas a pagar uma indenização de 1 milhão de dólares e danos gerais de 110 milhões de dólares à viúva.

Realmente um bom filme. E me fez pensar em vários aspectos e assuntos, como por exemplo a culpabilidade da indústria nesse caso, uma vez que não foi ela que matou ninguém, mais forneceu o "meio" para que o assassinato ocorresse. Bom, mesmo vendo por esse ângulo, na minha opinião, não acho que a industria deva ser responsabilizada, pois se assim fosse, quantos processos deveriam existir? Além do mais, na constituição norte-americana é permitido o porte de arma por qualquer cidadão (ou seja, embasando-se na lei, não vejo como se pode culpar a indústria, até porque seria impossível garantir que todos os seus clientes não são assassinos ou matadores de aluguel).

Vale à pena conferir o filme, ótimo elenco e atuação impecável de Gene Hackman, no papel de Fitch e Dustin Hoffman como Wendell Fohr (destaque para a cena do banheiro).

Bom, apesar de ter contado todo filme, recomendo que assistam. E obviamente, ler não é o mesmo que ver, então, corre lá.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Comemorando o Carnaval

Meu Carnaval pra variar, não fui muito animado. Ao menos pude voltar pra minha cidade e ver algumas pessoas que eu estava com uma baita saudade! Tirando isso  o tempo foi pouco produtivo, resumindo: Fiz um pouco de tudo e muito de nada. Quer dizer, deveria ter estudado mais e ficar sem fazer nada, menos.

Apesar de não estar na Bahia,onde ocorrem verdadeiras festas de Carnaval, com muita animação, alegria, serpentinas, lantejoulas e foliões enlouquecidos, aqui na minha cidade, também tem umas festinhas. Obviamente nada que possa se esperar muito, mas é o que tem. Resolvi ir e dar uma olhada.  E antes que me atirem pedras, me deem o direito da ampla defesa; eu sou como um antropólogo que vai a uma aldeia estudar os costumes indígenas; estudo, observo e tiro conclusões, mas eu não faço parte da tribo. Posso participar, confesso, mas tirando a companhia dos meus maravilhosos amigos, o ambiente é bem sinistro.

Não sinistro no sentido de dar medo, mas no sentido de ser tumultuado, sujo, cheio de gente e tudo mais e até que dá um pouco de medo. É engraçado notar o quanto o pessoal pira o cabeção nessas festas, parece que naquele exato momento nada mais importa, que o mundo vai acabar ali. Tipo isso:

O ministério da saúde adverte, o vídeo a seguir possui cenas fortes.

E o melhor, as minas acham que estão dançando assim:


Mas na verdade:


E os manos então? Ah, neles nem se fala. Se eu fosse contar quantos tiraram a camisa e ficaram rodando a mesma, perderia as contas. Não sei a opinião da maioria das mulheres, mas o cara bêbado, suado, bêbado, sem camisa, bêbado, esculachado e ainda por cima bêbado, não perde o "encanto"?

Façam suas apostas, qual deles vai cair primeiro?

Além de notar o comportamento da galera o meu Carnaval também foi muito bom pra analisar a roupa que os carnavalescos vestiram. E por isso, deixo algumas dicas SENSACIONAIS pra vocês! Aproveita, gente:

1. Se você for homem, e quiser pegar mulher, e se a festa tiver a abadá, vá com ele. Pra dar aquele abalo básico, corte um pouco as mangas e a gola, pode por uns colares, e vai ficar divo, garanto. Bem assim:


Se não tiver abadá, vá ao melhor estilo, SOU FODA, short e regata estão de bom tamanho.

2. Se você é homem e bombado, e quer pegar mulher, apenas vá.

3. Se for homem e quiser pegar homem, apenas vá.

4. Se for mulher e quiser pegar homem, vá no melhor estilo piriguete de ser, não esquecendo de todos os pré-requisitos básicos; micro short (ou calcinha jeans), top (ou camisa levantada):

Lembrando que, se encostar no carro e ter algo na mão pra beber, soma pontos.

5. Se for mulher e quiser pegar mulher, apenas vá.

Bom, depois desse maravilhoso tutorial. Fica a dica pra vocês, nunca deixe os papéis da apuração de votos das escolas de samba, perto desse homem:


Até mais.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Diário de bordo: Sobre morar sozinho

Hoje vou começar sendo bem sincero. Em primeiro lugar, ando com muita, mas muita coisa pra fazer (o que necessariamente não quer dizer que eu faça, mas bom, eu tento). E não está sobrando tempo nem pra postar, mas sempre que sobrar algum tempinho ou que se fodam as obrigações eu posto aqui.


Não sei o que está acontecendo, o tempo parece que voa, mal chego da Faculdade, e já está de tarde, quando volto da academia, pronto, já quase anoiteceu, o tempo que me resta, eu fico tentando por os assuntos em dia, e admito, relaxo um pouquinho, por que realmente me sinto cansado. Mas uma das maiores dificuldades de morar quase sozinho, são as obrigações, por que, por exemplo, quando morava em Patos (PB) nem se quer lavava uma louça, e também não precisava fazer nenhuma atividade "doméstica".

Agora aqui, em João Pessoa, a mágica acabou, quando chego em casa os cobertores não estão arrumados e a louça não está lavada *todos choram*. Esse é o menor dos problemas, pois não chega a me tomar muito tempo, mas admito que sinto saudades de algumas pessoas. Esses vínculos afetivos que criei no ano passado sempre me trazem lembranças.

Bem, além de não ter tempo, também estou sem criatividade, e sem ter muito o que escrever, vou dar algumas dicas para quem vai morar sozinho (é claro que não sou especialista e muito menos sirvo de exemplo pra ninguém, mas tirando proveito da minha própria experiência e de algumas que eu li, fica aqui as dicas):

O lugar:

1. República: Se você gosta de companhia, essa me parece um ótima opção (além do baixo custo), entretanto, acho que tem mais contras do quê prós, vejamos; você não vai ter muita privacidade, ou seja, nada de individualismo, vai ter que aprender a dividir tudo e se você não gosta de festas meu amigo, realmente não irá suportar um mês.

2. Kit Net ou quartos: Existe na verdade uma diferença entre os dois, mas como são quartos, vamos lá; se você resolver morar em um dos dois deve ter consciência do espaço físico que é (muuuito) pequeno, se você for espaçoso, não vai gostar. Existe ainda um problema nos "quartos avulsos", que é, por exemplo, se você mora em uma casa de família, provavelmente não vai se sentir a vontade e principalmente se tiver que dividir o banheiro com alguém.

3. Um Apartamento: É sem dúvida a melhor opção de todas, você vai ficar à vontade, vai ter espaço e vai se sentir independente, porém também é a mais cara; aluguéis, condomínio, contas, manutenção (limpeza), etc. Só que aí também tem a opção de dividir o apartamento com alguém, isso vai das condições financeiras ou do "gosto" de cada um.

4. Casa da avó, tia (parentes em geral): É a opção mais barata, mas talvez a mais insuportável. Até hoje não ouvi relatos positivos de morar com parentes. Como eles irão te "sustentar" terá que obedecer a eles e conviver com suas regras, nada de desculpas.

5. Debaixo da ponte: Não é uma boa opção para dias frios.

Depois da mudança:

Vantagens:

1. Liberdade: Morando sozinho você não precisa dar satisfações, pode sair e voltar a hora que quiser, ou seja, fazer o que bem entender.

2. Privacidade: Vai poder ficar a vontade pra fazer tudo que desejar, se quiser pode tirar a roupa assim que chegar na porta de casa.

3. Desorganização: Sapatos no chão, toalha em cima da cama, tampa do vaso levantado, comer vendo Tv e muito mais. É um novo mundo para ser explorado, ninguém vai encher o seu saco.

4. Visitas: Você pode levar quem quiser, a hora que quiser, para fazer o que quiser (sexo).

Desvantagens:

1. Contas: Mesmo que você ainda esteja sendo sustentado, vai ter que aprender a poupar o dinheiro e fazer ele durar até o fim do mês.

2. Limpeza e afazeres domésticos: A desorganização não pode durar para sempre, afinal, uma hora ou outra alguém vai ter que limpar, e das duas uma, ou você contrata uma diarista (mais despesa) ou vai você mesmo.

3. Refeições: Alimentação saudável é o que mesmo? Marmitas, quentinhas, miojo, sanduíche ou que for mais fácil. Aquela comidinha caseira da mamãe nunca foi tão saborosa.

4. Saúde: Faça tudo mas não adoeça, lembre, não tem ninguém pra cuidar de você, então tente se manter saudável.

5. Organização: Não adianta querer transformar o Apartamento em uma casa de festas ou um bordel, querendo ou não você vai ter vizinhos, e é melhor manter uma relação amigável. E se você dividir o apartamento, seja organizado em dobro e tente não brigar.

6. Saudades: É inevitável e de vez em quando vai apertar aquela saudadezinha de casa.

Bom amigos, depois dessas dicas, tenho o post de hoje finalizado, e como infelizmente não tenho a vida ganha, vou lá estudar. Até logo, galera.

Quem me dera.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

A pretensa sabedoria


Desde que entrei na Universidade sabia que iria encontrar pessoas que não gostaria de conviver e mais, que simplesmente não iria com a cara ou quem sabe, não gostasse do seu ego. Apesar de muito pouco tempo no Unipê, já da pra fazer um "levantamento", assim digamos, de cada aluno, podendo dessa forma, traçar perfis. Como geralmente vivo a observar os outros e me baseio (e muito) no que falam, no jeito e modo como agem, fica mais fácil.

Não é de hoje que não gosto de gente que insiste em chamar atenção ou que faz de tudo pra ser notado, sempre desaprovei esse tipo de comportamento. Porém, em todos os lugares, existem pessoas com essa atitude e não poderia ser diferente numa universidade, ainda mais de grande porte, como a minha. Só que, tentar chamar atenção por métodos já conhecidos (como roupas de marca, sapato da moda ou o ser o "fodão") de pouco adianta. Existem outros milhares de alunos com o mesmo perfil, ou seja, não chamará atenção, será no máximo, apenas mais um na multidão.

O que de fato, devo admitir, me deixa alegre e me faz crer (mesmo por um momento) que todos somos iguais. Pois sempre existem aqueles com um ego inflado como um balão, e vê-los sendo ignorados, me deixa com um belo sorriso no rosto (e quando digo ignorados, quero dizer, ser tratado com uma pessoa normal, porque afinal de contas, é o que elas são. Até porque uma bolsa da Louis Vuitton ou uma camiseta da Hollister não define o caráter de ninguém).

Continuando, onde eu quero chegar é que, apesar da maioria dos estudantes de uma Faculdade não conseguirem chamar atenção por suas futilidades, outros conseguem por métodos diferentes. Pode parecer inveja ou recalque (e quem sabe não é? Entendam como quiser), mas não suporto (NÃO SUPORTO), aquele cara que quer ser o professor, e que existe praticamente em toda sala de aula.

O professor começa a dar a aula tranquilamente, em quanto todos os alunos, prestam atenção:

- Bom, o Direito é então, um conjunto de...

*O pobre estudante abnegado*
- NORMAS JURÍDICAS, PROFESSOR! *Sorriso de orelha a orelha*

Puta que pariu! O professor NÃO perguntou, NÃO pediu ajuda, NÃO permitiu tirar dúvidas e muito menos quer que a gente complete todas as suas frases ou que chegue no 1º dia de aula sabendo de todos os assuntos. Eu realmente não me incomodo de alguém falar ou dar sua opinião quando a aula é pra isso, ou quando o professor pede para que tiremos duvidas, ou simplesmente comentemos sobre a aula. Mas o cara vem comentar, que fique claro, só pra mostrar que "estuda", no meio da aula, enquanto nós, pobres estudantes normais e sem um Q.I. elevadíssimo, tentamos compreender o difícil conteúdo.

Essa pretensa sabedoria, é desnecessária. Se você sabe o conteúdo, não tem que ficar mostrando pra Deus e mundo que sabe, ainda mais se ninguém perguntou. Diversas vezes sei de um assunto, ou mesmo os conceitos que o professor está falando e nem por isso interrompo ele pra sair completando suas frases. Aliás, se você esperar ele terminar de falar, poderá muito bem verificar se realmente o seu conceito estava certo ou não.


Mas o que me da mais raiva em toda essa história é quando eu tento abrir uma "janela" em uma relação razoável entre o "Sabido" da turma e eu. Por exemplo, além de aguentar a cara de "eu sou foda, sou muito inteligente e já sei toda a matéria", o cara ainda fica querendo mostrar o quanto e o quê sabe em uma conversa descontraída, de "amigos", sem falar de discutir com você, com o professor ou seja com quem for, só pra mostrar que está certo.

Enquanto estudava ontem, encontrei no livro de Introdução ao Direito, uma passagem que me inspirou a escrever esse post, e que vale a pena citar aqui:

A palavra filosofia é de origem grega. É composta por duas outras: philo e sophia. Philo deriva-se de philia, que significa amizade, amor fraterno, respeito entre os iguais. Sophia quer dizer sabedoria e dela vem à palavra sophos, sábio.

Filosofia significa, portanto, amizade pela sabedoria, amor e respeito pelo saber. Filósofo: o que ama a sabedoria, tem amizade pelo saber, deseja saber. Assim a filosofia indica um estado de espírito da pessoa que ama, isto é, daquela que deseja o conhecimento, o estima, o procura e o respeita.

As pessoas diziam que Pitágoras possuía todo o conhecimento alcançável e ele, com toda sua sabedoria, dizia que isso era impossível (saber ou tomar posse do conhecimento para si mesmo) e por isso, não aceitava que o chamassem de sábio, criando assim o termo, FILÓSOFO. Pitágoras o criou modestamente para ressaltar que o conhecimento pleno e perfeito é atributo dos Deuses e aos homens, resta apenas observar, venerar e amar o conhecimento.

Espero que alguns dos meus colegas de turma, quando lerem esse trecho do livro (se é que já não acabaram de ler, é claro), notem que são meros aprendizes , e que ainda há um longo caminho a ser percorrido. Cruzemos os dedos.

Obs: Juro que em breve voltarei com posts que não estarão relacionados a minha faculdade. Em breve.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

A hermenêutica do Direito

Olá pessoas.

Bom, pra começo de conversa, quero dizer que mesmo sabendo que tudo que escreverei aqui e posteriormente publicarei poderá ser usado contra mim, mesmo assim, o farei. O meu tão sonhado e esperado curso de Direito começou na quarta feira, como vocês já sabem. O que vocês não sabem é o que aconteceu e o que eu achei de tudo isso. *Momento expectativa*

Ao chegar na Universidade, estava imaginando algo receptivo, caloroso e cheio de alegria, mas o que realmente aconteceu, foi isso:

*Bolas de feno no ar*

Ok, a sala não estava totalmente vazia, mas se bem me lembro, só haviam quatro alunos em sala. Ao me deparar com a cena, obviamente pensei "Bom, deve aparecer o pessoal mais animado daqui à pouco", ledo engano. Não apareceu, mas não porque não foram à aula, mas sim porque eles NÃO existem.

Continuando, apesar de me impressionar, abri o meu melhor sorriso e dei um (não tão alto ou festivo, mas sonoro) "Bom dia!", até que me responderam, mas com uma timidez de assustar qualquer um, e ali continuaram, sentados. Achei melhor então ir pro lado de fora, até porque não estava perdendo nada do lado de dentro. Pois bem, fui, tentei puxar um papo com outra aluna que também estava na porta, mas não obtive muito sucesso. A partir daí, meu sorriso já estava cansado e minha paciência, também. Resolvi esperar.

Um aluno apareceu e finalmente alguém resolveu falar comigo (posso ouvir um ALELUIA irmão?). Foi o único eu acho. Os professores me pareceram rígidos e chatos, o assunto, também.

Resultado do dia: Total decepção e desapontamento. Sentia vontade de desistir à cada cinco minutos. Queria fazer outro curso, ou fazer cursinho, ou voltar pra casa, ou qualquer coisa que fosse; menos continuar ali. Aliás, se aprendi alguma coisa, é que não devo - de forma alguma - criar expectativas, sobre absolutamente nada. Nem sobre amigos ou faculdade, nem sobre assuntos ou professores, nem sobre as pessoas e suas verdadeiras intenções.

E então, no segundo dia de aula mesmo com uma imensa vontade de desistir, resolvi ir (até porque, porra, não tenho outra opção). Como fui sem nenhuma expectativa ou intenção que coisas boas acontecessem, o dia foi positivamente melhor. Conheci e conversei com mais pessoas, interagi com a turma e me interessei mais pelas aulas.

O mais  engraçado de toda a história (se é que tem alguma parte engraçada), são alguns dos meu professores, que são peças únicas e não encontramos em qualquer lugar.

Vou numerá-los aqui, assim fica mais fácil de vocês compreenderem.

O professor número 1: Ele foi um dos professores mais engraçados, mas não por fazer piadas ou porque tem uma veia cômica, mais sim por seu jeito de ser. Eu não sei ao certo, mas ele deve ter um tipo de doença que o deixa "tremendo", ele fica o tempo todo com tremeliques e claro, isso acaba passando pra voz que também fica tremida e é engraçado. Dado as devidas proporções, ele me lembra bastante um professor de história do ensino médio. Além da expressão corporal, ele fala alterando o tom de voz, passando de algo tão baixo que mal se ouve, até semi-gritos, ele também tem um lencinho que leva a boca toda vez que começa a 'babar"(engraçado, mas bem mais nojento). E ainda não é só isso, o cara VIVE (eu disse, vive) de passado, ele contou histórias de 1964, pasmem. (putz, eu nem lembro o que jantei ontem).

O professor número 2: Esse é um espanhol (creio, eu), ele realmente me impressionou. O velhote serviu o exército durante 35 anos, fala cinco línguas fluentemente e ainda tem toda uma vitalidade, algo realmente admirável. A matéria dele foi uma das que mais me agradou, e o seu jeito de falar também é diferente. Ele fala com um mega sotaque espanhol e chama à todos de "chicos" e "chicas". Também pede pra lermos coisas rapidamente, de "supetão" e escrevermos redações em TODAS as aulas.

O professor número 3: Esse cara foi realmente estranho, ele também me lembrou muito um professor  do ensino médio (que por sinal, eu odiava). Ao iniciar a aula, ele fez uma piadinha irônica; "Parabéns por vocês terem passado no vestibular da Unipê. Foi difícil?", agora deixem-me dizer, o vestibular tem 15 questões e é extremamente fácil. O homem tava tirando uma com a cara da gente. Depois disso, ele continuou a aula e eu não sei e nem me perguntem o porquê, ele me resolveu fazer uma pergunta. Segue então, uma reprodução livre do diálogo:

- Qual o seu nome?

- *Cara de "heim?"* Evaristo.

- O que é uma enciclopédia?

- É...

- *falando pra turma* É ruim no primeiro dia de aula o professor já fazer uma pergunta, não é? Haha.

- Bom na minha opinião, enciclopédia são livros...um conjunto de li...*sendo interrompido*

- Exatamente, no meu tempo enciclopédia era um conjunto de livros, mas hoje em dia, o mais próximo que temos disso é a Wikipédia. 

*Todos da sala riem*

Minha cara:

Oh GOD.

Obs: Descobri que é "O Unipê", pelo menos foi assim que o professor número três falou.